
Júlio César de Mello e Souza
Rio de Janeiro, 6 de maio de 1895 — Recife, 18 de junho de 1974, mais conhecido pelo heterônimo de Malba Tahan, foi um escritor e matemático brasileiro. Através de seus romances foi um dos maiores
divulgadores da matemática no Brasil.
Ele é famoso no Brasil e no exterior
por seus livros de recreação matemática e fábulas e lendas
passadas no Oriente, muitas delas publicadas sob o heterônimo/pseudônimo de Malba Tahan. Seu livro mais
conhecido, O Homem que
Calculava, é uma coleção de problemas e curiosidades matemáticas
apresentada sob a forma de narrativa das aventuras de um calculista persa à
maneira dos contos de Mil e Uma Noites. Monteiro Lobato classificou-a como:
"… obra que ficará a salvo das vassouradas do Tempo como a melhor
expressão do binômio ‘ciência-imaginação.’" Júlio César, como professor de
matemática, destacou-se por ser um acerbo crítico das estruturas ultrapassadas
de ensino. "O professor de Matemática em geral é um sádico. — Denunciava
ele. — Ele sente prazer em complicar tudo." Com concepções muito à frente de seu
tempo, somente nos dias de hoje Júlio César começa a ter o reconhecimento de
sua importância como educador. Em 2004 foi fundado em Queluz -- terra onde o escritor passou sua
infância—o Instituto Malba Tahan, com o objetivo de fomentar, resgatar e
preservar a memória e o legado de Júlio César.
Juventude
Júlio
César viveu quase toda a infância na cidade paulista de Queluz. Seu pai, João
de Melo e Sousa, e sua mãe, Carolina de Melo e Sousa, ambos professores, tinham
uma renda familiar apenas suficiente para criar os nove filhos do casal. Quando
criança, já dava mostras de sua personalidade original e imaginativa. Gostava
de criar peixes (chegou a ter 500 deles no quintal de sua casa) e já escrevia
histórias com personagens de nomes absurdos como Mardukbarian, Protocholóuski
ou Orônonsio. Em 1905, retornou ao Rio de Janeiro para estudar.
Cursou o colegio militar e o colegio pedro ll. A partir de 1913, passou a freqüentar o
curso de Engenharia Civil da escola politecnica
A carreira de escritor
Júlio
César passou a colaborar no jornal O
Imparcial, onde publicou seus primeiros
contos com o pseudônimo R. S. Slade. Nos anos seguintes, o jovem escritor
estudou a fundo todos os aspectos da cultura árabe e da oriental. Em 1925,
propôs a Irineu Marinho, dono do jornal carioca A
Noite, uma série de "contos de
mil e uma noites". Surgia aí o escritor fictício Malba Tahan, que assinava
os contos com comentários do igualmente fictício Prof. Breno de Alencar Bianco.
Seu pseudônimo tornou-se tão famoso que o então Presidente Getúlio Vargas
concedeu uma permissão para que o nome aparecesse estampado em sua carteira de
identidade. Na década de 1930 aconteceu uma grande polêmica entre autores de
livros de matemática: Tahan contra Jacomo Stávale e Algacyr Munhoz Maeder. Até
o fim da vida, Júlio César escreveu e publicou livros de ficção, recreação e
curiosidades matemáticas, didáticos e sobre educação, com seu nome verdadeiro
ou com o ilustre pseudônimo.
Lecionou
diversas matérias como história, geografia e física, até se fixar no ensino de
matemática. Ensinou também no Instituto de Educação e na Escola Nacional de
Educação. Além das aulas, Júlio César proferiu mais de 2000 palestras por todo
o Brasil e em algumas localidades do exterior. Ficou célebre por sua técnica
como contador de histórias e por sua atuação inovadora como professor. Suas
aulas eram agitadas e interessantes, sempre repletas de curiosidades que
atraíam a atenção dos estudantes.
Outras atividades
Júlio César foi um enérgico militante
pela causa dos hanseniacos. Por
mais de 10 anos editou a revista Damião, que combatia o
preconceito e apoiava a humanização do tratamento e a reincorporação dos
ex-enfermos à vida social. Deixou, em seu testamento, uma mensagem de apoio aos
hanseníacos para ser lida em seu funeral.
Falecimento
Júlio César faleceu em 18 de Junho de
1974, em Recife, vítima de um ataque cardíaco. Deixou uma série de ilustrações
para seu sepultamento: além da mensagem que devia ser lida, exigiu caixão de
quinta classe, plantas anônimas, tudo de coroas, nada de luto nem discursos.
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